(Continuação)
Na fila, recebo ligação de Chapeleiro dizendo que os amigos dele não iriam mais. Fiquei naquela: entro sozinha? Vou para casa dormir? Eu já estava super frustrada de não ter saído para dançar no dia anterior, então resolvi arriscar: entraria sozinha e curtiria a noite.
Ouvi um rapaz atrás de mim reclamando com os amigos que o haviam deixado na mão. Pensei, É com esse que vou fazer amizade. Puxei papo e super colegamos enquanto esperávamos séculos para entrar. Ele também era de fora e havia acabado de ficar solteiro, então rolou uma afinidade instantânea.
A espera não valeu tanto assim: a
Velvet estava mais para porão que para boate. Teto absurdamente baixo, local escuro, apertado e MUITO, MUITO cheio. Mas a música estava muito boa, então dançamos, rimos das figuras exóticas e nos divertimos um bocado. Na hora de ir embora, descobrimos que estávamos hospedados no mesmo prédio, e que o amigo dele era vizinho do meu - qual a probabilidade de isso acontecer? Pequena o bastante para eu achar engraçado e ficar feliz por ter alguém para dividir o táxi e me fazer companhia na volta.
Segunda
Chapeleiro batendo ponto no trabalho e eu livre, leve e solta na cidade grande. O que um bichinho do mato do interior faz na Capital quando tem chance? Vai bater perna no shopping, oras! Passei o dia no BH Shopping: comi crepe, comprei blusinhas na promoção na Zara, fiquei chocada com um relógio Mont Blanc de R$ 35.000,00 (o que ele faz para custar tão caro? Adivinha o futuro?) e tomei um café espresso delicioso antes de voltar para casa leve e merecidamente distraída.
À noite, Chapeleiro e seus amigos resolveram, de pura zoação, irem a uma boate gay mega trash, a Estação 2000. Fomos recebidos por uma drag toda montada e, ao entrarmos, o choque: os sofás tinham almofadas DOURADAS. Juro que quis bater uma foto, mas fiquei acanhada por ser a ÚNICA mulher do lugar.
Fomos para o segundo andar, onde funcionava a pista de dança. Tive uma surpresa: para quem está acostumada a ver só gay malhado, cheiroso, barbeado e vestido em roupas de grife, ver um universo de gays coroas, baixinhos, barrigudinhos, vestidos de roupa de liquidação foi muito estranho, confesso! A gente acaba criando um estereótipo do que é o público gay e se esquece que há todo um universo de pessoas diferentes em outros lugares.
Mas o melhor da noite mesmo foi o show de drags. Teve imitação do filme Mudança de Hábito, com um travesti negão enooorme de peruca armada vestido de freira; teve esquete de patroa x empregada; teve cena de duas travas brigando para ver quem tinha mais dinheiro... E a cereja do bolo: a imitação do Show da Xuxa. A bicha cantando as músicas, de chuquinha e roupa colorida, e falando todas as bobagens que a Xuxa jamais falaria no programa, ainda que ele passasse às três da manhã. Passamos MAL de tanto rir, especialmente quando tocou a música "Quem quer pão" e a trava mordia pães de sal e os arremessava na platéia. Hilário.
Terça
Voltei para casa mais leve depois de um fim de semana muito agradável longe de casa e dos problemas. Estar com os amigos queridos é sempre revigorante.