Rainha de Copas – amiga de anos, co-fundadora e antiga colaboradora deste blog – veio passar um fim de semana na minha cidade. Ficou hospedada lá em casa e me proporcionou risadas infinitas de quinta à segunda. Dormir todo dia depois das 03h para ficar conversando e rindo foi parte da nossa rotina nesse período. Entre muitos assuntos que foram pauta de nossas conversas, um deles é aquilo que ela batizou de "The New Generation of Sapatas". (E eu gargalhava toda vez que ela usava essa expressão).
The New Generation são as sapinhas na casa dos vinte e poucos anos, nascidas ali pelo início da década de 90 e que têm um comportamento muito diferente de nós, sapatas de trinta e poucos. Nós comentamos que elas são muito mais atiradas que nós éramos dez anos atrás: chamam para sair de cara, fazem elogio, mandam foto safadinha no WhatsApp, adicionam no Facebook 10 minutos depois de descobrir seu nome. Não perdem tanto tempo como nós perdíamos.
Além do mais, essas novinhas lidam muito melhor com a questão de ser gay em si, ao contrário das sapas old school, que passaram a adolescência num ambiente muito mais arisco à homossexualidade. Ter uma maior aceitação dos colegas de faculdade, dos amigos e da família facilita muito a pessoa se expor e arriscar uma cantada. Não que ainda não exista preconceito, mas ele certamente diminuiu em uma década.
E da mesma forma que essa atitude cheia de audácia me assuste às vezes, também me encanta. Eu acho que perdemos tempo demais em "joguinhos" amorosos. A vida seria melhor aproveitada se demonstrássemos logo o que estamos querendo e não ficássemos tanto nessa coisa de se fazer de difícil como muita gente ainda faz. Não estou aqui desprezando o flerte: a troca de olhares, as conversas e as insinuações são parte importante do processo de se aproximar de alguém. Um pouco de romance é sempre bom. O que condeno é mesmo a enrolação desnecessária. E nisso, The New Generation of Sapatas arrasa – vão muito mais direto ao ponto.
Que criem tendência com esse comportamento ousado. Da minha parte, só terão aplausos.
5 comentários:
Faz parte da evolução..rsrsrs. As pessoas vão melhorando, lapidando, ficando mais leves, transparentes.
Realmente no ¨passado¨era mais difícil, preconceito mais pesado, normal o querer se esconder.
Por ex., depois que a Dani&Malu se assumiram, parece que as pessoas ficaram mais encorajadas também. E outra é que no geral, as pessoas não querem mais perder tempo nessa vida.
Pena que a Alice post e tweet tão pouco...
É, Anônimo, eu ando sumida do blog e do twitter, vou ver se em 2014 isso muda... Promessa de Ano Novo! :)
Eu tenho 19 anos (acompanho este blog desde os 14 kk) e me identifiquei com tudo que você falou, me sinto exatamente assim. Fui bem aceita na escola pelos colegas - não tanto pela direção - e ao começar na universidade em 2013 fiquei com um tanto de receio. Afinal, estudei na mesma escola por muitos anos, meus colegas praticamente "me descobriram lésbica" ao mesmo tempo em que eu mesma me descobria, isso fez muita diferença. Na faculdade, pensei, seriam desconhecidos me julgando. Mas foi melhor que tudo que eu podia imaginar, em nenhum momento eu precisei dizer "eu sou lésbica" num tom de revelação bombástica kk eu apenas não me preocupei em esconder e hoje, um ano depois, todos sabem e agem naturalmente quanto a isso (pelo menos na minha frente, rs). Não sou assim muito de tomar iniciativa, por uma questão de timidez mesmo, sou assim até para questões só de amizade. Não acho que minha sexualidade tenha algo a ver com isso. Minha namorada é 5 anos mais velha que eu e quando conversamos sobre o início da nossa adolescência, percebemos que apesar diferença de idade entre a gente ser tão pequena, eu tive MUITO mais liberdade que ela.
Que legal seu relato, Bê! E fico feliz de saber que você lê o blog há tanto tempo - praticamente desde que foi fundado.
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